quinta-feira, 30 de junho de 2011

Lord Byron

Dizer que Lord Byron levou uma vida de excessos é pintar sua biografia de cor-de-rosa.

Libertino exemplar do século XVIII, George Gordon Byron "oferecia perigo".

Ainda que gostasse mais de mulheres, a prudência recomendava que um homem nunca desse as costas a ele.

Poeta que influenciou várias gerações, orador político brilhante. Desde cedo empunhou sua arma do prazer.
Aos sete anos já brincava de médico com as primas. Aos dez anos conheceu Mary Chaworth, três anos mais velha, e teve com ela sua primeira relação sexual. Nessa época, a herança de um tio-avô tirou-o da pobreza e o devolveu à nobreza - seus antepassados lambiam as botas de Henrique VII.
Em sua nova casa teve uma governanta que na hora de adormecê-lo acabava por "instigar" ainda mais o mancebo.

Na adolescência, interessou-se por rapazes e teve de viajar para o exterior a fim de evitar a forca.
Com vinte anos, na Grécia, tentou comprar Teresa Makri, uma menina de doze anos pela qual pagaria 400 libras esterlinas. Pedido negado pelos pais, Byron voltou para a Inglaterra, assumiu um posto na Câmara de Londres e seduziu a esposa do primeiro-ministro William Lamb, Caroline.
A moça se apaixonou, mas foi ignorada e enlouqueceu quando soube que Lord Byron se casaria com a prima dela, Isabella Milbanke. O casamento durou pouco. O Lord não satisfeito engravidara a meia-irmã, Augusta Leigh, sendo posteriormente acusado de incesto.

Com escândalos demais na ficha, deixou a Inglaterra em 1816. Na Suíça, ficou amigo da escritora Mary Shelley e reviveu um antigo affair, Claire Clairmont. Seguiu depois para Veneza, onde seduziu entre outras e outros, Mariana Segatti, Margarida Cogni e Condessa Guiccioli.

Aventureiro, comprou um navio para ajudar os gregos na luta contra os turcos. Mas nem chegou a guerrear.
Adoeceu e morreu em 1824. Um pouco antes entregou uma auto biografia a seu editor, John Murray, que, consternado com o que leu, queimou.

Se o que sabemos é contado pelos outros, imagine o que saberíamos se sua própria história fosse publicada.

Texto baseado no texto de Edgard Reymann


O ódio é o prazer mais duradouro; os homens amam com pressa, mas odeiam com calma.
                                                                                                                     Lord Byron


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Indicações de Livros

Todos já sabem, ou deveriam saber, que a língua não é algo exato como a matemática, a física ou a química. Ela é passível de várias manipulações (no bom ou no mau sentido) e de interpretações. E isso não é totalmente um desmérito. Eu pelo menos não acho.

O professor Leo Ricino sugere algumas obras de grande valia no estudo da língua portuguesa.


TítuloAutorEditora
1MANUAL DA REDAÇÃO PROFISSIONALJosé Maria da CostaMillennium
2DICIONÁRIO DE DIFICULDADES DA LÍNGUA PORTUGUESADomingos Paschoal CegallaNova Fronteira
3GLOSSÁRIO DAS DIFICULDADES SINTÁTICASZélio dos Santos JotaFundo de Cultura
4DICIONÁRIO DE QUESTÕES VERNÁCULASNapoleão Mendes de AlmeidaCaminho Suave
5ERROS E DÚVIDAS DE LINGUAGEMVitório BergoFreitas Bastos
6DICIONÁRIO DE DIFICULDADES DA LÍNGUA PORTUGUESAVasco Botelho do AmaralEducação Nacional
7GRANDE COLEÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESAAires da Mata FilhoEdinal
8QUESTÕES PRÁTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESAArnaldo NiskierConsultor
9NA PONTA DA LÍNGUAArnaldo NiskierCIEE*
10TIRA-DÚVIDAS DE PORTUGUÊSLuiz A. P. VictóriaEdiouro
1170 SEGREDOS DA LÍNGUA PORTUGUESASalomão SerebrenickBlock Editores
12NÃO ERRE MAISLuiz Antonio Sacconi e CiaBlock Editores
13CEM ERROS QUE UM EXECUTIVO COMETE AO REDIGIR (mas não poderia cometer)Laurinda GrionEdicta
141001 DÚVIDAS DE PORTUGUÊSJosé de Nicola e Ernâni TerraSaraiva
15TIRANDO DÚVIDA DE PORTUGUÊSOdilon Soares Leme
16DICIONÁRIO DE DIFICULDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA E REGÊNCIA VERBALArtur de Almeida TorresFGV
17ATRAVÉS DO DICIONÁRIO E DA GRAMÁTICAMário BarretoPresença
18DICIONÁRIO ESCOLAR DAS DIFICULDADES DA LÍNGUA PORTUGUESACândido Jucá FilhoFENAME



Bons Estudos!

domingo, 19 de junho de 2011

A Ironia. Mocinha ou vilã?


Não acredito em coincidências. Eis que dias atrás houve um pequeno debate no orkut acerca da ironia. Um amigo entrou numa comunidade que defendia o uso da ironia. Uma outra amiga acabou por confessar que não via com bons olhos o uso dessa figura de pensamento.

Eu particularmente adoro. Claro, tudo que é demais enjoa. Ou irrita. Mas a ironia bem empregada tem o seu charme. E sua eficiência. Até Padre Antônio Vieira fez uso da santa ironia.

Ironia vem do grego eironéia que significa dissimulação. É a arte de dizer uma coisa para se dizer exatamente o oposto. Deixando por vezes uma leve crítica no ar. Subentendida. Tentativa de constratar a Aparência com a Realidade. É como se o locutor da frase testasse os conhecimentos do interlocutor. Do tipo: "Vamos ver se ele é bom mesmo?"

O autor que escreve espera que sejamos capazes de notar essa ironia¹ .O que nem sempre acontece. Principalmente em textos mais antigos. E mais: fora do contexto.
Ler os Sermões de Pe. Vieira sem antes passear pela sua época é como ler uma frase descontextualizada. É como ler uma charge dos anos 80. Precisamos do contexto. E de um mínimo conhecimento de mundo. Ao se ler às cegas o Sermão aos Peixes é quase regra boiar no oceano do não entendimento. Oras bolas, que polvo é esse de que o padre fala?

Machado de Assis foi mister em usar da ironia em seus textos.
""A providência, em seus inescrutáveis desígnios, tinha assentado dar a esta cidade um benefício grande; e nenhum lhe pareceu maior nem melhor do que certo gozo superfino, espiritual e grave, que patenteasse a brandura de nossos costumes e a graça de nossas maneiras: deu-nos os touros."
Gozo superfino das touradas??? Gozo espiritual? Benefício grande?
Ou ainda no conto Parasita Azul: "Soares olhava para Camilo com a mesma ternura que um gavião espreita uma pomba".  Neste caso a ironia é mais explícita.

Creio que uma maneira de deixar a ironia mais aparente e assim evitar maus entendidos é colocar a palavra que remete à ironia entre aspas. Funciona no meio cibernético. E evita futuras discussões. Ao menos nas páginas pessoais e fóruns de discussões.


¹ Às vezes eu acho que alguns autores tem um prazer cruel em não serem entendidos. Exigindo que o leitor releia o trecho várias e várias vezes.

sábado, 18 de junho de 2011

Kkkkkkk no dicionário. Será?

O riso por escrito

Deixando os conservadores de cabelos em pé, os que restam, é claro, as grafias que "traduzem" o riso para a tela do computador  foram parar no dicionário. Algumas grafias na verdade. Mas já é um começo.

O "hahahahaha", "hihihi", "kkkkkkk", "hehehehehe", "rssss", dentre outros podem ser incorporados num futuro próximo aos nossos dicionários.

Por enquanto apenas o dicionário britânico incluiu alguns desses grafismos:
LOL - sigla de "laughing out loud" significando rindo em alto e bom som. [Aposto que isso pouca gente sabia].
OMG - "Oh my God" significando ... ter certeza que preciso colocar a tradução aqui?? rss

Eu sou favorável a essa medida. Até algumas onomatopeias ganharam um lugar no dicionário. O que impediria os grafismos?


Baseado na matéria do Estadão.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

JUDEU MACHADIANO *

Wood Allen elege Memórias Póstumas de Brás Cubas um dos cinco livros que mais influenciaram sua carreira.

Quem diria que o cineasta norte-americano Wood Allen, autor de vários clássicos e de vários filmes acabaria por reconhecer a genialidade de Machado de Assis?

Em depoimento ao jornal inglês The Guardian no mês passado, Allen elegeu Memórias Póstuma de Brás Cubas (1881) um dos cinco livros mais impactantes de sua carreira como diretor e comediante.

Não foi o primeiro elogio ao nosso Bruxo do Cosme Velho. Em 2009 já havia externado sua admiração à impreensa brasileira.

Confessou também que só leu o livro, enviado anonimamente por um brasileiro, porque era fino. Se fosse grosso não o leria.
"Fiquei chocado com o quão charmoso e interessante era o livro. Não pude acreditar que ele viveu há tanto tempo. Você poderia pensar que ele viveu ontem. É tão moderno e interessante."



Texto adaptado da Revista Língua, nº 68, pg.31



quinta-feira, 16 de junho de 2011

O gigolô das palavras

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da revisão! Culpa da revisão !”). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover… Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.
Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas – isso eu disse – vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.
Luís Fernando Veríssimo

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Aí está. Um texto muito bom para se trabalhar com os alunos. Em especial os alunos do Ensino Médio. 

"Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis."
Para o aluno quais seriam as regras que deveriam ser respeitadas? E quais poderiam ser abolidas?

Este é um ponto de partida interessante. Eu mesma vivo a me fazer essas perguntas.

Professora é espancada por mãe de aluno

Como diria aquele jornalista: “Isto é uma vergonha”!

Uma professora de biologia de 58 anos foi espancada pela mãe de um aluno de 12 anos dentro da Escola Estadual David Nasser, no Jardim Macedônia, no Capão Redondo (zona sul de SP), anteontem. A mulher teve ferimentos no olho e na cabeça, após receber socos e pontapés. A agressora responderá em liberdade por lesão corporal.

A agressão aconteceu após a professora Genoveva de Araújo Soares levar o aluno para diretoria por mau comportamento em sala de aula. Segundo ela, com medo da reação dos parentes, o menino inventou para a mãe que havia sido agredido pela professora. "Ela me pegou pelos cabelos e começou a esmurrar e falar que eu havia batido nele, sem dar tempo para ninguém que estava próximo conseguisse apartar", contou.

Enquanto a professora apanhava, dois homens da família da agressora formaram um círculo ao redor da vítima para impedir que ninguém interrompesse. O espancamento só parou porque um professor salvou a professora.

A mãe do aluno ficou retida na escola até a chegada da Policia Militar. A professora prestou queixa na Policia Civil. O aluno acabou sendo transferido para outra escola, segundo a professora.

A vítima passou por atendimento no Hospital do Servidor Público e foi liberada, com hematomas e um ferimento no olho. “Estou traumatizada, angustiada”, disse. A professora afirma estar com medo de novas agressões porque mora no mesmo bairro em que trabalha. “Vou passar uns tempos na casa do meu filho em Carapicuíba (Grande São Paulo)”.

A vítima da agressão, conhecida por todos como Gina, começou a trabalhar na escola David Nasser em 1990, como inspetora de alunos. Lá, também atuou como escriturária, até se tornar professora. Alunos e professores protestaram contra a violência e homenagearam a professora ontem.
A Secretaria da Educação afirmou que a professora ficará afastada por tempo indeterminado para se recuperar da agressão.

Segundo caso em 15 dias.
Outra professora foi espancada há duas semanas pela a mãe de uma estudante, em Salto do Pirapora (122 km de SP). A professora Sônia Maria Mendes, 48 anos, teve varias fraturas no rosto.

A agressão aconteceu quando a vítima saía do trabalho, na Escola Municipal João Fernandes de Andrade. A agressora atacou a vítima pelas costas, derrubando-a no chão e desferindo vários golpes no rosto dela. A docente precisou passar por uma cirurgia. A agressora disse que bateu na vítima pois a filha foi humilhada pela professora.

Em maio, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) condenou uma escola pública no Distrito Federal a indenizar em R$ 10 mil uma professora agredida por um aluno. O STJ afirmou que a escola deveria oferecer segurança à professora.

Resposta
Educação diz que o fato foi isolado.
A Secretaria de Estado da Educação afirma que lamenta a agressão sofrida pela professora.

A pasta manifestou solidariedade ao grupo de professores e alunos que fez um protesto ontem na porta da escola. A Educação informou ainda, por meio de uma nota, que uma equipe de supervisores vai até a unidade apurar a situação. A PM também deve reforçar a segurança.

A secretaria afirma que foi um fato isolado. "Por estar localizada em uma região de alta vulnerabilidade social, a secretaria já havia destacado um professor-mediador para trabalhar as atividades pedagógicas e as relações interpessoais da comunidade escolar a fim de prevenir conflitos". A agressora não foi localizada pela reportagem.
Comentário da Udemo
Por que será que essas coisas não acontecem com juízes, promotores, delegados de polícia, procuradores? Será que é porque eles revidariam? Será porque os agressores seriam presos no momento e no local? Será porque eles ainda têm o status, o prestígio e a autoridade que os professores um dia já tiveram?

E ainda se ouve, por aí, que educação é prioridade. Onde? Na China? Na Coréia? Na Dinamarca?
Que tal aprender com a colega do Distrito Federal: processar o Estado?!